Original Driver — O processo de UX Design para a criação de um APP

Juliane Monteiro
6 min readMar 31, 2021

Estudo de caso e etapas da elaboração de uma solução voltada para motoristas de aplicativos correntistas do Banco Original

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Nota: Este projeto fez parte da minha especialização em UX Design, o time do Banco Original não esteve presente durante o processo de criação do mesmo, que foi feita exclusivamente por mim de ponta a ponta com finalidades acadêmicas.

Quem olha para o protótipo final ou para o projeto no ar, muitas vezes nem imagina todo o trabalho, os processos e as ferramentas de utilizadas para garantir uma boa experiência do usuário. E é exatamente esse processo que vou mostrar neste case:

Briefing

O Banco Original tem notado em sua base de clientes o crescimento exponencial de motoristas de aplicativo. São profissionais autônomos que, por terem uma renda variável e altos custos de trabalho, acabam perdendo com frequência o controle das contas. Qual produto ou serviço o Banco Original pode oferecer para atender as necessidades deste público e ser reconhecido como a melhor opção para a categoria?

Identificação do problema e análises

Com o problema central já definido no briefing. Identifiquei alguns pontos para usar como ponta pé inicial do projeto:

O crescimento da base de clientes, sem um produto específico para as suas necessidades de renda variável, custos com o trabalho autônomo e falta de controle financeiro.

Tendo esta frase em mente, ficou claro os 3 pilares de análise que precisavam ser construídos:

  • Mercado dos bancos digitais (o Banco Original é um banco 100% digital).
  • Mercado de transporte por aplicativos (comportamento e público alvo).
  • Aspectos da educação financeira no Brasil (relacionamento e nível de compreensão do tema).

Com as pesquisas feitas, foi possível elencar os destaques de cada tópico:

Imagem que contém os principais destaques dos tópicos analisados.
Imagem criada pela autora, a partir de informações coletada em pesquisas.

Benchmark

Entender o que o mercado já está fazendo, as oportunidades de implementação e disrupção implícitas traz um material valioso para a elaboração de soluções mais assertivas e de maior percepção de valor para o usuário final, o mercado e a empresa.

Painel de Benchmarck com várias referências visuais de outros projetos
Parte do painel de benchmark utilizado durante a pesquisa de mercado.

Pain point

É necessário entender os principais pontos de dor do usuário e do negócio, para assim relacioná-los em uma solução que traga benefícios para ambos os lados, na sua entrega de valor e execução.

Painel de pain points do usuário e do negócio com nuvem de palavras
Painel com conceitos que apontam as principais dores do usuário e do negócio.

Meta estipulada

Trazer o controle das finanças para as mãos do usuário de maneira prática e rápida.

Matriz CSD

O que era certeza, ou seja, os dados comprovados por meio de pesquisas, matérias e entrevistas com o usuário. O que era apenas suposição e o que era uma dúvida, informações para eu descobrir durante o processo:

Tabela de matriz CSD com a lista de cada um dos tópicos
Matriz CSD criada para o projeto.

Quem vai usar a solução?

Mapa de stakeholders

Um projeto nunca está solto sozinho no universo, ele sempre tem stakeholders que o permeia e influencia. A importância de entender quem são essas pessoas ou instituições é exatamente a de entender os valores implícitos ao projeto.

Imagem mostra mapa dos stakeholders em formato de alvo com o usuário principal no centro
Mapa dos stakeholders com dados do usuário central e os outros stakeholders que o cercam.

Entrevistas e formulários de pesquisa

Por mais que sejam feitas desk researchs com dados de mercado, necessidades de ofertas de soluções para entender as necessidades e monitorar insights ocultos no mercado, no final do dia estamos gerando soluções para pessoas. Então, por que não perguntar para elas o que queremos saber?

Entender o que as pessoas precisam vindo de suas próprias palavras, gestos e reações é algo extremamente necessário para uma boa condução da solução. As entrevistas podem ser feitas ao vivo ou por videochamada. Um apoio que sempre gosto de utilizar, são os formulários online para assim, atingir mais pessoas.

Um ponto muito importante é ter questionamentos claros, que deem a oportunidade do usuário de se expressar livremente. Ao juntar as entrevistas e as pesquisas feitas, tive subsídios consistentes para a definição da persona do projeto.

Persona

A persona do projeto traz todas as características do usuário, a fim de criar níveis de entendimento e complexidade à solução e em casos mais complexos podemos ter até mais de uma persona para o mesmo projeto. Neste caso como as informações coletadas eram muito próximas, sem grandes distinções, defini apenas uma persona, o Felipe:

Imagem de painel com diferentes aspectos da persona
Painel para definição de persona.

Mapa de empatia

Não, empatia não é só um termo extremamente usado para tudo e qualquer coisa nas redes sociais (se você estiver no futuro, o hype já passou? hahaha). A empatia em projetos digitais tem uma função clara que é a de nos tornar passíveis de compreender o ambiente no qual o usuário está inserido, seu comportamento, dores e valores.

Neste caso, notamos o quanto a frustração com a sua vida cotidiana ligada às questões financeiras e familiares afetam o usuário:

Imagem da estrutura do mapa de empatia preenchido com os valores do usuário
Mapa de empatia utilizado na criação do projeto.

Jornada do usuário

Outra ferramenta interessante para a criação de soluções mais empáticas é entender a jornada do usuário e os steps que ocorreram a partir da tomada de decisão de se tornar um motorista de aplicativo.

Imagem que mostra todos os steps da jornada do usuário com o seu sentimento em cada ponto
Jornada do usuário a partir do momento em que ele decide se tornar motorista de aplicativo.

Need statment

Com o entendimento gerado nas etapas anteriores, se tornou possível definir a necessidade que queremos atacar, ou seja, os valores implícitos a serem entregues para o usuário.

Imagem mostra todos os pontos do needstatment
Need statment central do projeto.

Mas afinal o que vamos fazer?

Matriz de priorização

Mostra a relação entre esforço e percepção de valor pelo usuário das ideias geradas. Não que seja uma regra, porque isso depende da estratégia a ser empregada dentro de cada projeto, mas normalmente escolhemos trabalhar primeiro com o que tem mais valor e menos esforço.

Imagem apresenta grid de priorização com as ideias
Grid de priorização das ideias geradas como features para o aplicativo.

MVP e Prototipação

Definição de MVP

Como diria o nosso amigo Jack (o estripador): Vamos por partes!

Para não começar entregando um caminhão, quando podemos entregar um skate, é importante identificarmos o valor central e as features necessárias para que o usuário enxergue o valor que está sendo entregue.

Do wireframe ao protótipo de alta fidelidade

Dependendo da solução, do quanto já foi desenvolvido e da minha experiência com a empresa, eu pulo direto para o protótipo de média ou até de alta fidelidade.

Neste caso, como eu não tinha nenhum material ou componentes de UI prontos, fiz primeiro um wireframe em baixa fidelidade para testar as features do MVP e ter mais velocidade para pivotar caso fosse necessário.

Imagem mostra wireframes de baixa fidelidade e média fidelidade
Rabiscoframe e wireframe utilizados no processo de criação da experiência

Teste com o usuário

Com o wireframe em mãos pude começar os testes. Para isso é muito importante ter a definição dos objetivos e tarefas a serem realizadas, porque precisamos dar parâmetros corretos para que o feedback dado pelo usuário seja construtivo e enriqueça a solução.

Após o wireframe testado, alterações feitas e aplicadas no protótipo de alta fidelidade, hora de testar novamente. Com tudo mais alinhado possível, pude finalmente falar "Está feito!"

O Resultado \o/

Peça de apresentação do Original Driver

Veja este case completo no behance

Finalmente, depois de todo esse processo e trabalho, temos um protótipo bonitão para compartilhar com a esteira de desenvolvimento e colocar no ar.

Não são todos os projetos que passam por todas estas etapas. E não faço necessariamente todos esses passos em todos os projetos.

O importante é sempre termos em mente quem é o nosso usuário, onde a empresa está inserida e o que poderíamos fazer para deixar as coisas mais simples. Et voilà!

Este foi o caminho que eu percorri para chegar nesta solução. Mas existem muitos outros caminhos a percorrer e essa é a graça do design, as inúmeras possibilidades e caminhos que temos para melhorar a vida das pessoas ❤

Obrigada pela leitura!

Gostou deste case? Me conte sobre as suas experiências de estudos em design nos comentários :)

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Juliane Monteiro

Designer focada em Liderança, Usabilidade e Inovação que ama resolver problemas e deixar a vida das pessoas mais simples :)